VR A ocupação profissional de uma pessoa é a atividade que abrange a maior parte do seu dia. Muitas jornadas começam às 8 horas da manhã e se estendem até o meio da noite. Por isso, é muito importante se atentar para a criação ou manutenção do Programa de Promoção à Saúde que o seu negócio segue ou começará a seguir.
A saúde no trabalho envolve aspectos como o bem-estar físico dos funcionários, a conscientização sobre a importância da prevenção e, eventualmente, até mesmo o clima no dia a dia profissional com os colegas de profissão pode compor a lista, não se limitando apenas
às ações de prevenção de acidentes. Logo, o Programa de Promoção à Saúde no Trabalho é um agente importante para manter em alta os níveis de produtividade, criatividade comprometimento, além de ser um aliado na hora de estreitar laços entre empresa e colaborador.
Por ser a ação que ocupa a maior parte do dia de alguém, a forma de trabalhar influencia
diretamente no estado mental e, consequentemente, físico também das pessoas. Por isso, ela deve ser levada em conta. Ter um problema no trabalho pode desencadear conflitos com a família, afetar a qualidade do sono e, se recorrente, provocar o surgimento de doenças psicossomáticas e que surgem por causa do emocional desestabilizado.
“Os locais de trabalho saudáveis se desenvolvem por meio de um alto índice de respeito mútuo e sensibilidade ao próximo. Esses ambientes se formam quando funcionários e administradores
aprendem a valorizar características pessoais positivas e a confrontar uns aos outros com gentileza, a fim de elevar a qualidade do trabalho que está sendo realizado. Todos temos a necessidade emocional de nos sentirmos reconhecidos por aqueles com quem trabalhamos. A maioria está disposta a admitir suasi mperfeições e a concordar que sempre é possível melhorar”, afirma Gary Chapman, autor do livro “Não aguento meu emprego: Como viver bem num ambiente de trabalho que faz mal” (link1) (Editora Mundo Cristão).
Vantagens do Programa de Promoção à Saúde no Trabalho para a Empresa
Mostrar que a empresa se preocupa com o bem-estar do funcionário significa manter o engajamento e a motivação dos colaboradores; diminuir a quantidade de faltas e afastamentos
ligados a questões de problemas de saúde e emocionais e também minimiza pedidos de demissão.
Além disso, transmite à equipe a visão de que o empregador não se importa apenas com o lucro e o funcionamento do sistema. Mas, também com a felicidade e a saúde das pessoas que compõem o seu empreendimento, tendo em troca um time mais dedicado em fazer o negócio crescer e alcançar novas metas.
Criar um local de trabalho mais leve, que incentive o cuidado e a prevenção, dinâmico e onde as pessoas se sintam bem também traz resultados que revelam a imagem do negócio. Normalmente, quem gosta do emprego e está satisfeito com as condições que têm, ajuda a criar a boa reputação da companhia e a torna um local desejado para trabalhar.
Alguns dos resultados obtidos a partir da implementação do programa de promoção à saúde são a diminuição da rotatividade de contratações, queda no absenteísmo, menores índices de processos trabalhistas e boa manutenção da marca e do nome da sua empresa.
Como criar um plano de ação para melhorar a saúde no ambiente de trabalho?
Cuidar da saúde da própria saúde já é uma tarefa que requer disciplina. Cuidar da saúde de terceiros exige não apenas disciplina, mas também muita responsabilidade e cautela. Por isso, elaborar um plano de promoção à saúde para seus trabalhadores é algo que deve ser feito com planejamento e atenção para assegurar que os resultados esperados sejam atingidos.
É importante ter noção da magnitude desta ação para alcançar o objetivo identificado, mapear o alcance que você deseja ter e criar um passo a passo que estimule a continuação das etapas e torne o seu plano sustentável.
O passo a passo a ser seguido pode variar conforme a estrutura do estabelecimento, o quadro de funcionário e até mesmo a cultura organizacional. Por isso, algumas etapas podem ser descartadas ou adaptadas para que caibam na sua realidade profissional.
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1. Mobilize pessoas para a estruturação do plano de promoção à saúde
Independente do tamanho da sua equipe, montar este tipo de ação implica em um envolvimento multidisciplinar. Mesmo que o número de beneficiários seja pequeno, há a necessidade de ter alguém para ajudar no diagnóstico dos problemas e nas suas análises.
Ter um profissional com conhecimentos técnicos como enfermeiro, médico do trabalho ou algum cargo similar também é imprescindível para gerar confiança nos trabalhadores e ministrar e fazer parte das atividades do programa seja palestrando, em dinâmicas ou em conversas individuais.
Estimular os líderes dos departamentos, caso existam, também encurta o caminho para a comunicação. Ou seja, um subgerente, por exemplo, vira mais um porta-voz da ação e faz com que a mensagem seja transmitida a mais pessoas em menos tempo.
2. Mapeie e diagnostique as queixas e trabalhe com previsões
Entender quais são os problemas de saúde enfrentados pelo seu quadro de funcionários é um dos melhores caminhos para encontrar a dinâmica correta e estimular o cuidado com a saúde. Faça um panorama e levante todas as questões que podem surgir, chegando até mesmo aos antecedentes familiares.
A fase do diagnóstico consiste em ouvir as preocupações que podem compor o quadro geral de saúde da sua equipe. É uma etapa imprescindível e deve estar prevista para acontecer mais de uma vez. Desta forma, as estratégias para prevenir e conscientizar podem ser traçadas com mais exatidão.
Envie questionários ou, no momento da atualização de dados, documente e faça índices para encontrar o que costuma ser mais constante quando o assunto é problema de saúde. Este tipo de coleta é uma das melhores ferramentas para adequar o seu programa e saber quais aspectos ele abraçará.
3. Priorize quais serão as primeiras temáticas abordadas
Depois de diagnosticar as causas serão abraçadas pelo seu programa de promoção à saúde, veja quais delas terão prioridade e serão tratadas com antecedência. Normalmente, toma-se esta decisão com base na queixa que mais aparece, a mais recorrente, ou pelo índice de gravidade e consequências que ela pode causar se não houver um bom tratamento ou prevenção.
Você pode se guiar pelas datas sazonais dos calendários: outubro rosa, setembro amarelo, novembro azul são alguns dos exemplos mais comuns. Mas, datas comerciais também podem pautar o seu plano. Que tal incentivar e até mesmo promover o debate sobre cansaço excessivo no 1° de maio, dia do trabalhador? Ter uma visão mais aguçada para este tipo de abordagem facilitará o seu planejamento.
A ginástica laboral, por exemplo, é uma das opções que não têm contraindicação. Você pode começar com ela, de forma sutil, para que as pessoas do seu time comecem a entender que há um desejo de mudança e cuidado. Este tipo de atividade pode ocorrer dentro do próprio estabelecimento, tem baixa duração e alivia sintomas do estresse, ajuda na reeducação da postura, melhora a disposição para continuar o dia e previne sobre o surgimento de doenças recorrentes de esforços repetitivos.
Implementar um plano de acompanhamento nutricional também é um ótimo primeiro passo. Muitas vezes, na correria da rotina de trabalho, as pessoas deixam de comer ou comem qualquer coisa sem avaliar seu valor nutricional ou, até mesmo, conscientes de que não é saudável, mas seguem por ser um hábito alimentar. É sabido que a má alimentação é um dos principais fatores para o surgimento de doenças como a obesidade e a hipertensão, além de poder atrapalhar no rendimento do colaborador logo de imediato, no período pós-refeição. Por isso, criar um diálogo sobre reeducação alimentar é uma via de mão dupla: ajuda a ressignificar a relação do funcionário com a comida e, consequentemente, modifica a forma das pessoas se alimentarem. Insista no fato de que comer bem vai muito além da estética.
4. Planeje as atividades
As temáticas devem ser representadas da forma mais clara e coesa, levando em consideração seu nível de sensibilidade, gravidade e casos relatados dentro do ambiente de trabalho. Para problemas mais delicados e com consequências mais graves, a repetição pode ser uma boa técnica a ser seguida para que se torne uma premissa, reafirmando o objetivo do programa. Ou seja, em vez de seguir o caminho da sazonalidade, considere trazer este tema à tona sempre que houver oportunidade.
Outra alternativa é explorar todos os meios de comunicação que seu negócio dispõe. Jornais internos, rede interna, mural de comunicados. Desdobre o conteúdo em formatos diferentes para que mais pessoas possam vê-lo e garantir boa absorção e adesão à prevenção.
Por exemplo, falar sobre depressão não precisa ser algo específico para o mês de setembro (setembro amarelo). Sabe-se que distúrbios como a ansiedade, síndrome do pânico e cansaço excessivo podem desencadear um quadro de depressão em qualquer época do ano.
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Considerar a mudança de ambiente quando possível também é muito válido. Em alguns casos, criar distância entre pessoa física e pessoa jurídica é essencial para que exista mais leveza na hora de realizar atividades. Este tipo de ação também é muito importante para contextualizar a temática discutida e ajuda a quebrar a rotina do dia a dia, fazendo com que o funcionário se mostre mais receptivo para ouvir o que há para ser dito e tenha uma participação mais efetiva.
5. Cuide do ambiente físico
Pode não parecer, mas o espaço onde as pessoas trabalham desempenha um papel decisório quanto ao bem-estar. Cadeiras confortáveis zelam pela postura, coluna e até mesmo saúde dos braços e punhos. É algo que deve ser revisto constantemente, principalmente, em escritórios e departamentos nos quais as pessoas passem muitas horas digitando.
A ventilação e a iluminação são componentes que não devem ser deixados de lado e ajudam a deixar o local mais leve, convidativo e prazeroso. Também contribuem diretamente para a manutenção da visão, diminuindo o esforço durante a leitura e minimizando os riscos de problemas relacionados a esta exposição.
Garantir que a temperatura do local esteja adequada é de suma importância. Trabalhar passando frio demais ou calor gera desconforto, diminui os níveis de concentração e, consequentemente, pode acarretar em problemas de saúde respiratórios, por exemplo.
“A exposição ao calor pode gerar ao trabalhador vasodilatação periférica, baixa pressão arterial, desidratação, câimbras, choque térmico. Alguns efeitos da exposição ao frio incluem: hipotermia, enregelamento com consequência de gangrena e amputação dos membros, paralisação de pés e pernas (pés de imersão), ulcerações do frio, causando feridas, bolhas, necrose ou rachaduras”, alerta Eduardo Oliveira, autor do livro “Gestão de segurança e saúde no trabalho, edição 2” (link3) (Editora Senac).
Fornecer equipamentos necessários e eficientes também é dever da empresa. Afinal, se há exigências para que as metas e tarefas sejam desempenhadas, o mínimo a se fazer é viabilizar e disponibilizar os materiais necessários.
Além disso, cuidar da infraestrutura também diminui possíveis conflitos entre colaboradores e gestores por cobranças de algo que, explicitamente, já está sob delegação. Se o funcionário entende que deve garantir as suas entregas, a empresa também deve cumprir com o seu papel de mantenedora e acompanhar quais são os pontos de atenção nestes casos. O ideal é sanar o que for preciso antes que seja reportado. Mas, se isso não for possível, leve em consideração e ouça com atenção o que está sendo compartilhado com você.
6. Estimule a adesão
De nada adianta criar um programa de promoção à saúde completo e eficiente se não houver adeptos. Crie dinâmicas de incentivo para estimular a adesão à ação. Pequenos brindes, recados de agradecimento e até mesmo o compartilhamento de resultados positivos servem para mostrar o quanto é importante seguir um programa que zela pela saúde dos funcionários.
É comum, por exemplo, haver resistência para a realização de exames de próstata. Uma forma de estimular a feitura dele é pedir que o funcionário que faz a prevenção durante o “novembro azul” leve uma espécie de comprovante para receber um reconhecimento fornecido pelo setor de recursos humanos.
Outro fator decisivo é acompanhar a liderança dentro dos setores e áreas do seu negócio. Se ele for uma micro ou pequena empresa e você for o único gestor, faça constantemente uma autoanálise. O líder que consegue se comunicar, consequentemente, tem suas mensagens melhor assimiladas pelo seu time, costuma ser visto como referência e sua equipe confia no seu potencial. Por isso, leva em consideração aquilo que é dito por ele e tende a seguir os seus passos. O contrário também surte efeito, desestimulando a participação de sua equipe e mostrando que não há interesse pelo bem-estar da empresa.
“[…] Líderes tóxicos […] são pessoas até que bastante inteligentes, articuladas, mas que colocam seus interesses pessoais acima dos interesses da empresa, usando a mesma e as pessoas que trabalham nela para conseguir oportunidades para outros fins. Definitivamente colocam-se à frente de tudo e de todos e, por incrível que pareça conseguem fazer isso por alguns anos sem que muitos percebam”, afirma Alessandra Assad, autora do livro “Liderança Tóxica: você é um líder contagiante ou contagioso? Descubra o que a neuroliderança pode fazer por você” [link 2].
7. Avalie os resultados, forneça ajuda e suporte
Sempre que executar qualquer tipo de ação atrelada ao programa de promoção à saúde, mensure quais foram os seus retornos e, se possível, compartilhe com os funcionários. Afinal, sem a participação deles, não haveria nada para medir ou modificar. Bons resultados de participação mostram não apenas que o plano funciona, mas que a comunicação flui bem dentro do ambiente de trabalho e que há conscientização por parte dos colaboradores.
Nos casos necessários, crie uma rede de apoio e forneça a ajuda necessária ao seu colaborador. Tome cuidado com as burocracias excessivas em casos de afastamento, mostre que você ou seu time de recursos humanos está disponível para ajudá-lo a encontrar um bom suporte médico e acompanhe a evolução do caso sempre que puder.
Nunca se esqueça que a família acaba sendo uma extensão do seu funcionário. Por isso, procure prestar a ajuda necessária sempre que for solicitado e, caso seja imprescindível, comunique-se com um membro próximo do seu contratado.
8. Garanta a manutenção do seu programa de promoção à saúde:
Procure seguir técnicas e maneiras que sustentem a continuação do plano depois de implementado. Desta forma, você garante que ele seja readaptado e tenha adesão mesmo em momentos diferentes e distantes do inicial. Ou seja, documente o que for necessário para consultas futuras e modifique o que for necessário sempre para que mais pessoas possam conhecê-lo.
Considere customizar a sua estratégia levando em conta aspectos como a localidade do seu time, linguagem utilizada, cultura e até mesmo a atividade econômica, de modo geral, da sua região.
Outro fator valioso são as competências e funções que existem dentro da organização. Entender o que cada atividade exige dos contratados é fundamental para fazer uma boa análise de risco e trabalhar com hipóteses reais.
Por exemplo, conhecer o dia a dia de um cozinheiro e se inteirar sobre as ferramentas que ele utiliza para trabalhar quer dizer compreender que há mais chances de lidar com cortes e acidentes do tipo. Desta maneira, é possível apresentar dicas de bom uso e cuidado com facas e lâminas durante o exercício da função.
“Resumidamente, o conceito risco […] é utilizado no âmbito da gestão dos riscos. Relembrando as etapas, identificamos os perigos, classificamo-los quanto à probabilidade de ocorrência e sua gravidade e, posteriormente, faremos a avaliação dos riscos, aplicando os controles necessários. Já o conceito “risco” […] abordará risco do ponto de vista ocupacional, o qual, como veremos, tem sua origem na legislação trabalhista e nas literaturas técnicas nacionais e internacionais especializadas em higiene ocupacional e em segurança e medicina do trabalho”, define Oliveira, em “Gestão de segurança e saúde no trabalho, edição 2” (link4) (Editora Senac).
Assim, você trabalha com a possibilidade de que mais pessoas se identifiquem e se sintam à vontade para aderir ao programa.
9. A confidencialidade é essencial
Respeite o código de ética dos profissionais da saúde. Trabalhar com prevenção à saúde no trabalho significa que você se importa com o bem-estar do seu colaborador. Logo, a intenção não é criar situações constrangedoras porque a confiança dele é um aspecto importantíssimo para o sucesso do seu desempenho.
Ter a consciência de que, eventualmente, casos mais delicados poderão aparecer é essencial para se preparar psicologicamente e organizar a ajuda e suporte a serem prestados, bem como o acolhimento pessoal.
Garanta sigilo para estimular a procura por auxílio.
10. Seja consistente:
Se o programa de promoção à saúde for algo totalmente novo para o grupo, tenha paciência e persista de forma efetiva para que, aos poucos, aconteça a adesão. É vital o engajamento dos trabalhadores, mas isso também depende da percepção sobre o suporte da organização e estímulo oferecido.
Se for o caso de uma reestruturação para melhorar os índices de envolvimento, não se esqueça de reavaliar ações passadas, repetir o que deu certo e reformular outros pontos que podem ter contribuído para números mais baixos de participação.
Considerando as etapas acima e entendendo mais sobre o seu organograma, faça os ajustes que forem necessários e nunca se esqueça de levar em consideração que os programas de promoção à saúde têm o objetivo de melhorar o bem-estar do seu funcionário, garantir qualidade de vida dentro do expediente e diminuir os riscos, surgimento de doenças e gastos com problemas de saúde que podem ser evitados, se identificados e prevenidos.
Busque os parceiros que podem ser seus aliados neste projeto (profissionais da saúde, empresas associadas, clínicas), esteja presente no dia a dia do seu negócio e dialogue constantemente sobre a importância da adesão, ressaltando sempre as vantagens e benefícios que o programa pode trazer, mesmo que a longo prazo.
É importante ser paciente. Dependendo do tipo de abordagem para cada tema, os resultados podem ser mais imediatos ou não. Se preferir implementar abordagens como a da ginástica laboral e o acompanhamento nutricional, não se esqueça de dar abertura para que seus colaboradores deem seus retornos sobre essas experiências, bem como para qualquer outra dinâmica. Desta forma, você garante que o programa de promoção à saúde que criou funcione para as duas partes interessadas: a gestão e o colaborador.
